segunda-feira, 12 de junho de 2023
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Chance de El Niño forte é de 56%, diz agência dos EUA; veja impacto no Ceará
No Brasil, o El Niño provoca estiagem em partes das regiões Norte e Nordeste, e mais tempestades no litoral do Sudeste e do Sul.Com o fim da quadra chuvosa (fevereiro a maio) no Ceará, o Estado volta suas atenções às condições climáticas para o próximo ano e como isso pode impactar na gestão dos recursos hídricos. O fenômeno El Niño já é uma realidade e as chances de se tornar um evento forte no seu pico são de 56%, conforme a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOOA), agência científica vinculada ao governo dos Estados Unidos. Além disso, há uma probabilidade de 84% de ser pelo menos um evento moderado.
No Brasil, o El Niño provoca estiagem em partes das regiões Norte e Nordeste, e mais tempestades no litoral do Sudeste e do Sul.
Os dados da agência norte-americana foram divulgados na quinta-feira, 8, e estão reunidos em um artigo assinado pela cientista Emily Becker. “Quando o El Niño é mais forte, gerando uma temperatura da superfície do mar muito mais quente que a média, ele tem uma maior influência na mudança da circulação global, tornando os padrões de impacto mais prováveis”, disse ela.
O fenômeno El Niño é caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) e pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico. As mudanças na interação entre a superfície oceânica e a baixa atmosfera têm consequências no tempo e no clima em diferentes partes do planeta. Isso porque a dinâmica das massas de ar adota novos padrões de transporte de umidade, afetando a temperatura e a distribuição das chuvas.
Os estudos sobre o El Niño são importantes porque permitem que o mundo se antecipe às mudanças e impactos. As informações são da Agência Brasil.
CEARÁ
Em balanço da quadra chuvosa deste ano, realizada no último dia 1º, as autoridades cearenses demonstraram preocupação com o fenômeno no Estado. O evento foi conduzido por gestores do Sistema Hídrico do Ceará. Segundo Eduardo Sávio, presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), de junho de 2022 até maio de 2023, o Oceano Pacífico estava em condição de resfriamento, entretanto, no Pacífico Equatorial, por volta dos meses de abril e maio, vem ocorrendo o aquecimento da região.
“Quando a gente olha as camadas subsuperficiais do Pacífico Equatorial, nós temos essa tendência persistindo nos próximos meses”, disse.
De acordo com Eduardo, caso o El Niño se consolide, haverá uma “subsidência de ar”, ou seja, um fluxo de ar de cima para baixo, o que impediria a formação de nuvens, já que o vapor quente úmido não conseguiria se elevar e, consequentemente, formar as nuvens para a precipitação. “Por isso que a gente tem que manter o monitoramento, e que a alocação leve isso em consideração para usar essa informação nas decisões e liberações ao atendimento de demandas que são previstas pelo sistema de reservatórios do Estado”, explicou.
A quadra chuvosa deste ano terminou com o maior volume hídrico registrado nos últimos 10 anos, com 51% da capacidade total nos 157 açudes do Ceará.
MAIS CALOR
O El Niño fenômeno, que ocorre em intervalos de tempo que variam entre três e sete anos, persiste em média de seis a 15 meses. As duas edições mais intensas, desde que a ciência passou a compreender o fenômeno, ocorreram em 1982-1983 e em 1997-1998. Após o fim de um El Niño, um novo episódio só voltará a ser registrado depois que ocorre uma La Niña, que provoca mudanças anormais na interação entre a superfície oceânica e a baixa atmosfera, porém em sentido inverso, ocasionando um resfriamento das águas superficiais.
Em maio, a Organização Meteorológica Mundial (OMN) já havia indicado que o El Niño teria início até o fim de setembro. De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, os critérios usados para identificar as condições do fenômeno estão preenchidos. Desde o mês passado, a temperatura da superfície do Oceano Pacífico na linha equatorial tem se mantido mais quente que a média.
Além disso, com base em um modelo climático, as previsões indicam que a temperatura nos próximos meses permanecerá acima do limite que caracteriza o El Niño. Por fim, os cientistas da Administração Nacional observaram padrões na circulação do ar típicos do fenômeno, com fortes ventos de superfície que ajudam a manter a água quente acumulada no oeste do Oceano Pacífico. Para a agência dos Estados Unidos, as chances de um El Niño fraco são de 12%. Também existe a possibilidade de que o fenômeno não evolua e recue.
“A natureza sempre reserva surpresas. Embora as condições do El Niño tenham se desenvolvido, ainda há uma pequena chance (4-7%) de que as coisas desapareçam. Achamos que isso é improvável, mas não é impossível”, registra o artigo assinado por Emily Becker.
FONTE:OPINIÃO CE