sábado, 27 de janeiro de 2024
Avanço do mar ameaça costa cearense: 18 municípios em risco de erosão
Com o aumento do nível do mar, estudo revela que 18 dos 20 municípios costeiros do Ceará enfrentam riscos de erosão em suas praias. A pesquisa, realizada pelo Programa Cientista-Chefe Erosão Costeira em parceria com a Secretaria da Infraestrutura (Seinfra), destaca preocupações ambientais e propõe medidas de intervenção.
O relatório intitulado "Mapas Integrados de Risco e Evolução Costeira", recentemente submetido à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), visa fornecer subsídios para futuros projetos e ações da Seinfra, além de orientar o uso responsável dos recursos naturais na Zona Costeira do Estado do Ceará.
Segundo Fábio Perdigão, pós-doutor em Geografia e membro da equipe técnica do Programa, a primeira etapa do estudo já levantou todos os pontos de erosão na costa cearense. A segunda fase envolve o diálogo com as comunidades afetadas para encontrar soluções personalizadas.
A cidade de Icapuí, com 29% de sua costa comprometida, está incluída no planejamento, com a construção de um espigão anunciada pela prefeitura para conter a erosão na Praia da Peroba.
Desafios na Costa Cearense
O levantamento do Programa aponta que os municípios do Litoral Leste, liderados por Beberibe (45%), Cascavel (34%) e Aracati (30%), enfrentam os maiores percentuais de erosão consolidada. Apenas Cruz e Paraipaba, no Litoral Oeste, não apresentam sinais de erosão até o momento.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), cerca de 40% da linha de costa do Ceará está em processo erosivo, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte (60%) no Nordeste.
Impactos e Soluções
À medida que os oceanos respondem ao aquecimento global, as águas do mar aquecem e expandem-se, elevando o nível do mar. Cada 1 grau de aumento na temperatura do mar representa uma expansão de 20 cm no nível das águas, conforme destaca o relatório.
A reportagem buscou informações sobre as medidas adotadas pela Prefeitura de Beberibe para lidar com o problema, mas não obteve retorno até o momento. O professor Fábio Perdigão enfatiza a importância da gestão integrada entre comunidade e poder público na preservação desses espaços de lazer.
Além da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o Programa Cientista-Chefe Erosão Costeira conta com membros de instituições como Universidade Federal do Ceará (UFC), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Plano de Contingência Estadual
A Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) também está desenvolvendo um Plano de Contingência de Erosão Costeira a nível estadual, a ser entregue até o final de 2024. Segundo Davis de Paula, membro da equipe, o plano visa orientar os agentes responsáveis na atenuação e estudo dos problemas costeiros.
Diante dos eventos climáticos extremos cada vez mais presentes, o doutor em Ciências do Mar destaca a necessidade de compreensão conjunta entre sociedade e poder público.
A ocupação inadequada das áreas costeiras e a busca por moradias à beira-mar aumentam os riscos, tornando essenciais intervenções alinhadas a práticas ambientalmente sustentáveis.
Fonte:G1/CE