sexta-feira, 18 de julho de 2025
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Renato Paiva no Fortaleza: veja modelo de jogo e o perfil do novo treinador do Tricolor
O Fortaleza anunciou o português Renato Paiva como treinador para a sequência da temporada de 2025. Em crise, o clube cearense demitiu o argentino Juan Pablo Vojvoda e fechou com o novo técnico até o fim de 2026, com um objeto firmado: evitar o rebaixamento na Série A do Brasileiro
Assim, o Diário do Nordeste traça o perfil de trabalho do comandante. Com avaliação das passagens recentes por Bahia e Botafogo, além dos motivos da própria gestão para fazer a escolha.
Carreira de Renato Paiva
Benfica (POR) | Longo período de atuação nas categorias de base, com estágio em diferentes escolas da Europa e auxílio na revelação de joias, como o zagueiro Rubén Dias, do Manchester City.
Independiente Dell Valle (EQU) | Primeira experiência profissional no continente americano, com ápice na conquista do Campeonato Equatoriano, o primeiro e único da história do clube sul-americano. Ao todo, foram 62 jogos entre as temporadas de 2021 e 2022 - trabalho mais longo.
Club León (MEX) | Protagonizou uma atuação mais curta, de seis meses, que culminou com a eliminação na repescagem do mata-mata do Campeonato Mexicano, somando apenas 12 partidas.
Bahia | Aposta do Grupo City, atuou desde o início da temporada de 2023, se sagrando campeão baiano, mas amargando uma oscilação de resultados, que deixou o time próximo do Z-4 da Série A. Com alto desgaste junto da torcida, pediu demissão, apesar da boa aceitação do elenco e da gestão. No total, foram 49 jogos, com 19 vitórias, 15 empates e 15 derrotas, em um aproveitamento de 49%.
Toluca (MEX) | De volta ao México, levou o clube para a final da Copa dos Campeões da Concacaf, que renderia uma vaga no Mundial de Clubes, mas não foi campeão. A saída ocorreu após eliminação no Campeonato Mexicano de 2024, somando então 44 partidas à frente da instituição.
Botafogo | Com a missão de substituir o compatriota Arthur Jorge, campeão da Série A e da Libertadores, teve dificuldade no início, mas deixou o clube no melhor momento de resultados. Apesar da vitória contra o PSG na Copa do Mundo de Clubes, foi demitido pela derrota e eliminação para o Palmeiras nas oitavas de final do mesmo torneio. No total, foram 23 jogos, com 12 vitórias, três empates e oito derrotas. O aproveitamento era de 56.5% e a saída foi tida como uma surpresa.
Renato Paiva em ação pelo Botafogo
Legenda: Renato Paiva assume a vaga de Vojvoda no comando técnico do Fortaleza
Foto: Vitor Silva / Botafogo
Motivos do Fortaleza para a escolha de Renato Paiva
Conteúdo tático: a dinâmica de treino, no dia a dia e trato com o elenco agradam à diretoria.
Conhecimento de Série A: no cenário emergencial, era crucial ter conhecimento pleno do torneio.
Trabalho no Nordeste: como já passou pelo Bahia, entende a logística, o clima, condições de jogo e demais especificidades que a região nordestina exige para competir em alto nível.
Referência positiva: profissionais do staff e também atletas do Botafogo apresentaram boas credenciais do profissional, que foi o comandante do clube na disputa da Copa do Mundo de Clubes.
Receptivo ao trabalho: desde o primeiro contato, demonstrou interesse em trabalhar no Fortaleza e reconheceu que, com o que foi oferecido, pode alcançar o objetivo de sair do Z-4 da Série A.
Modelo de jogo flexível: tido como “retranqueiro” no último trabalho, a carreira demonstra maior flexibilidade para se adaptar ao que o clube oferece em termos de peças do elenco, algo abordado na negociação, com Renato ressaltando que pode se adequar ao time e também aos adversários.
1ª prateleira de treinadores: dos nomes livres no mercado, a gestão entende que escolher Paiva é seguir no rol dos principais treinadores disponíveis no momento. O profissional foi a escolha de projetos robustos de alto investimento como Grupo City, Eagle Football e Independiente del Valle-EQU. Além disso, participou do Mundial, onde somou a vitória do Botafogo contra o PSG.
Como joga Renato Paiva?
O técnico português Renato Paiva é adepto de um modelo tático posicional. O estilo foi desenvolvido nos anos 70, popularizado recentemente por nomes como o espanhol Pep Guardiola, e consiste em sempre ter uma superioridade numérica nas diferentes zonas do campo, com muita movimentação para desestabilizar a linha defensiva adversária e também alas agressivos, para “aumentar” o campo.
Jogo de posição
Legenda: As zonas do jogo de posição praticado por Renato Paiva, novo técnico do Fortaleza
Foto: reprodução / BreakingTheLines
Em entrevista ao Charla Podcast, o próprio treinador detalhou melhor a preferência pela formação. Para funcionar totalmente, essa filosofia requer mais tempo, o que impactou o início dos trabalhos em Bahia e Botafogo. No Fortaleza, pelo cenário emergencial, está disposto a se adaptar ao elenco.
“É um jogo que quando tu atacas tem o campo dividido em zonas, na teoria. Essas zonas têm que estar ocupadas em um primeiro momento no tal sistema, seja 3-4-3, 3-5-2 ou 4-3-3. A largura é obrigatória. É obrigatório haver jogadores na largura. A maior dura nas minhas equipes é quando eu olho e não vejo ninguém parado na linha direita ou esquerda. Mas na dinâmica do jogo o ponta pode ir para dentro e alguém tem que ocupar aquela zona, seja o lateral, volante... Tens que manter o equilíbrio. Estas zonas têm que estar ocupadas, não me interessa por quem, quando ataca [...] O jogo posicional é de uma posição inicial para que tu faça chegar a bola em uma zona e daí começar as dinâmicas. Não é rígido porque a largura pode ser ocupada pelo ponta, interior ou lateral... E tudo isso tem a ver com a qualidade dos seus jogadores no momento da construção, que é gerar superioridade numérica em relação ao adversário".
Renato Paiva
Novo técnico do Fortaleza
Como foi o trabalho de Renato Paiva no Bahia?
"No Bahia, é preciso separar em duas esferas. É separar o trabalho em campo, muito bem avaliado no Bahia e pelos jogadores. Os resultados não vieram, mas era trabalho de médio a longo prazo, o Grupo City dava respaldo. A relação com o externo não foi muito boa, a comunicação com a torcida através da imprensa criou um racha entre torcedor e treinador. E culminou na saída após uma das organizadas colocar a foto dele com orelha de burro, isso o afetou, ele pediu demissão a contragosto da diretoria, que iria mantê-lo até o fim da temporada. Chegou com respaldo por trabalhar bem com jovens no Del Valle”, declarou o comentarista Elton Serra para a ESPN, em fevereiro de 2025.
Como foi o trabalho de Renato Paiva no Botafogo?
“O Botafogo estava em uma crescente antes da Copa do Mundo. Vinha muito bem no Brasileiro, nos últimos seis jogos antes da Copa, o Botafogo ganhou cinco, e a sequência era boa porque o Renato Paiva estava se achando com o elenco, mas o Botafogo tinha o resultado, mas não performava bem. Só que o Renato estava se achando, colocando o Cuiabano de ponta, Alex Telles como lateral mais preso, alternando os laterais-direitos, entre Vitinho e Mateo Ponte, o Savarino, um pouco mais para o lado, então era um trabalho em crescente e a demissão pegou muita gente de surpresa porque, apesar da derrota para o Palmeiras ter sido decepcionante, nas oitavas, a vitória contra o PSG estava em alta. Se eu tivesse de avaliar o trabalho dele no Botafogo, eu diria que não foi excelente, passou longe de ser, era bom, só que nunca empolgou, pela performance do time em campo, mas estava em uma crescente. Então o John Textor resolveu fazer essa mudança porque ele se preocupa com a forma que o time performava em campo, e o Botafogo, por vezes, achava resultados, não construía eles", explicou Sérgio Santana, setorista do Botafogo no ge, ao Diário do Nordeste.
Maior desafio
O maior desafio de Renato Paiva será gerenciar o elenco do Fortaleza. Avaliado internamente como de alta qualidade, o plantel mudou de perfil em 2025 e não apresentou bons resultados na atual temporada, exigindo uma tomada de decisão da gestão, que culminou com a demissão de Vojvoda. Com baixo número de reforços e cerca de 85% do elenco mantido, o português precisa recuperar a motivação do grupo, que demonstrou atuar em uma rotação abaixo no ano, além de definir uma nova forma de jogar, com um esquema que devolva a competitividade do time. O contraponto da passagem pelo Brasil foi a relação externa com o torcedor: tanto no Bahia como no Botafogo, Paiva teve problema com a expectativa gerada junto à torcida, o que rendeu críticas, apesar de funcionários elogiarem o trabalho. Assim, esses parâmetros devem ser compensados, com atuação menos complexa para facilitar uma rápida absorção, visto que, no futebol brasileiro, sempre teve a missão de "iniciar trabalhos" e agora chega o ano em andamento e a missão de lutar contra o rebaixamento. Dos nomes disponíveis, era uma opção positiva por seguir no rol da Série A. O risco exige mais pela condição que o próprio clube se colocou.
Fonte:Diário do Nordeste